20/05/2013

O repórter de um tempo mau

NAS QUEBRADAS DO MUNDARÉU, lá onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos, nos atalhos esquisitos, estreitos e escamosos do roçado do bom Deus, vive povão lesado da sociedade, que, apesar de tudo, é generoso, apaixonado, alegre, esperançoso e crente numa existência melhor na paz de Oxalá. 
Eu sou o repórter dessa gente simples. Conto seus amores, suas desilusões, suas pequenas glórias e suas lutas cruentes pra escapar da miséria. O que não presenciei com meus olhos, que a terra há de comer um dia, escutei no bochicho das corriolas. E é assim que escancaro os lances.
Por essa luz que me ilumina, eu juro que conto os casos sem aumentar um ponto. Se algum talento porventura tenho, é o de ver e ouvir a minha gente.

Plínio Marcos

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